DEEP-OCEAN FAPESP

O oceano profundo é o maior ecossistema na Terra, porém possui condições extremas, com a pressão aumentando gradativamente em 1 ATM a cada 10 m, a luz sendo absorvida pela água de maneira exponencial, impossibilitando a realização de fotossíntese a partir do 250 m e se tornando completamente ausente a partir de 1.000 m e a temperatura da água constante entre 2–3º C nas regiões mais profundas, porém com grande variação nas termoclinas entre 200–400 m.

A profundidade média dos oceanos é de cerca de 3.000 m, porém o leito do oceano está entre 5.000-6.000 m de profundidade. Alguns locais, chamados de fossas submarinas, muito maiores. Localizada no mar do Caribe, a Fossa de Porto Rico tem profundade de até 8,376 m e é o ponto mais profundo do Oceano Atlântico. Porém, o local mais profundo dos oceanos está localizado na Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico, com 11.034 m de profundidade. Para se ter uma comparação, se o monte Everest fosse colocado em cima da fossa das Marianas, ele ainda ficaria 1 km submerso!

Por essas razões, o oceano profundo é um dos biomas do Planeta Terra que menos se conhece. O acesso difícil, o alto custo das operações de coleta e os riscos envolvidos fazem com que alguns locais sejam praticamente inacessiveis para os pesquisadores.

Projeto DEEP-OCEAN

O projeto Diversidade e Evolução dos Peixes de Oceano Profundo, possui financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), através do programa BIOTA - Jovem Pesquisador. O projeto teve início em 2018 e tem duração prevista de quatro (04) anos.

Durante o projeto DEEP-OCEAN, pretende-se realizar três cruzeiros científicos para coletas de amostras de peixes e outros organismos de oceano profundo, estruturação do Laboratório de Diversidade, Ecologia e Evolução de Peixes (DEEP Lab), e estabelecimento de uma nova linha de pesquisa no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo.

Objetivos

O objetivo do projeto DEEP-OCEAN é compreender a diversidade de peixes na Zona Econômica Exclusiva Brasileira, através de coletas em profundidades que varam de 500 até 2.000 m. O projeto tem um caráter inovador, de unir o conhecimento básico sobre a taxonomia de peixes de água profunda (objetivo específico 1) com a evolução das substâncias que produzem bioluminescência e as bactérias simbiontes (objetivo específico 2).

Objetivo Específico I: Diversidade de Peixes de Águas Profundas

(1) realizar o inventário faunístico espécies de peixes de oceano profundo (600–2.000 m) que ocorrem no sul e sudeste do Brasil (24º S–29º S) e na elevação do Rio Grande;

(2) realizar a revisão taxonômica das espécies de peixes de água profunda Brasileira, identificando padrões de distribuição e descrevendo novos táxons; e

(3) caracterizar as espécies com técnicas moleculares (DNA barcoding).

Objetivo Científico 2: Co-evolução de Bioluminescência em Peixes

(1) ampliar a amostragem peixes bioluminescentes no Atlântico Sul ocidental;

(2) isolar e caracterizar a luciferina e fotoproteína envolvidas no mecanismo de emissão de luz desses organismos;

(3) identificar a eventual utilização de bactérias simbiontes para a produção de bioluminescência em peixes; e

(4) relacionar os mecanismos de co-evolução da bioluminescência em diferentes grupos de peixes, comparando a estrutura química dos compostos com a filogenia de peixes e, quando presentes, de bactérias simbiontes.

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